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Maomé e a ascensão do Islã

David Samuel Margoliouth
406 páginas
ISBN: 9788578660482
Tradução: Sérgio Lamarão
R$ 90,00  R$ 54,00

As três grandes religiões monoteístas nascidas no Oriente Médio são proféticas: nelas, Deus usa a palavra para se revelar a alguns homens. Mas isso não ocorre da mesma maneira. O judaísmo bebe, antes de tudo, na fonte da Torá, "a grande instrução" que teria sido redigida por Moisés em cinco livros. O cristianismo considera Jesus, mais que um profeta, o Messias. O islamismo talvez seja a religião profética por excelência, pois vê Maomé apenas como o último de uma longa linhagem de homens que receberam diretamente a palavra divina, aquele que confirma e conclui a missão dos profetas que o antecederam.


    Nascido em torno de 570, Maomé recebeu a primeira revelação em 610. Começou a pregar publicamente três anos depois, em Meca, combatendo o politeísmo que predominava na península Arábica. Meca era o ponto de encontro de tribos e clãs que ali cultuavam suas divindades, faziam comércio, resolviam disputas e estabeleciam acordos. Hostilizado, emigrou para Medina em 16 de julho de 622, data que marca o começo do ano 1 na cronologia islâmica. Lá conseguiu organizar uma comunidade de fé que transcendia a lealdade familiar e tribal. A consciência vertical de um só Deus fundamentava uma solidariedade horizontal entre as pessoas.


    Em Medina, além de reformador religioso, Maomé se revelou um político realista, um notável homem de Estado e um competente chefe militar. Unificou tribos e comandou a tomada de Meca em uma campanha que durou seis anos, dando ao Islã o controle do mais importante santuário da Arábia. O antigo centro religioso da Caaba converte-se, então, em lugar de adoração de um Deus único e de peregrinação.


    Até morrer, em 632, o Profeta continuou a receber revelações divinas por intermédio, dizia ele, do anjo Gabriel. As mensagens eram ditadas oralmente a seus seguidores e registradas em folhas de palmeira, pedras, ossos, peles ou madeira. Somente em 656, sob a inspiração de Osman, o terceiro califa, esses fragmentos foram organizados no texto autorizado do Alcorão, cujos mais de 6 mil versículos podem e devem ser recitados ritmicamente. É a mais antiga obra árabe em prosa.


    Maomé deu aos árabes uma escritura sagrada, tornando-os um "povo do livro", como judeus e cristãos. Ao leitor familiarizado com as sutilezas da língua árabe, o Alcorão apresenta uma harmonia baseada em um monótono espectro de sons que segue o ritmo da respiração, evocando um efeito de vazio e abstração. Suas metáforas e referências, seus motivos e figuras influenciam fortemente a literatura árabe até hoje.


  Nos poucos anos de vida que lhe restaram depois da tomada de Meca, Maomé se dedicou a consolidar e expandir a comunidade islâmica, unificando os árabes, até então dilacerados por disputas contínuas entre tribos e fragmentados pelos diferentes deuses tribais. A confissão de fé, a oração ritual, a caridade, o mês de jejum e a peregrinação tornaram-se os cinco fundamentos do Islã, que significa completa submissão e entrega a Deus. Nessa condição, aspira a ser uma atitude vital que tudo abarca, fundindo religião, costumes, cultura e política.


    É uma religião monoteísta sem sacramentos, sem sacerdócio, sem altares. Não há música solene, cantos, velas, procissão, imagens ou dramas sacros. Todos participam de maneira ativa da oração comunitária, com os lábios e o corpo, orando em uníssono com os mesmos gestos e as mesmas palavras. Um leigo respeitado pode dirigir a oração.


    É a história desse Profeta que conheceremos aqui.


                        César Benjamin



Maomé e a ascensão do Islã


O local de nascimento do herói * Os primeiros anos de vida de Maomé * O Islã como sociedade secreta * O Islã vem a público * História do período de Meca * A migração * A Batalha de Badr * Progresso e retrocesso * A destruição dos judeus * Passos para a tomada de Meca * A tomada de Meca * O estabelecimento da Arábia * O último ano


    David Samuel Margoliouth (1858-1940) foi um orientalista inglês, professor de árabe na Universidade de Oxford. Também falava fluentemente as línguas persa, turca, armênia, hebraica e siríaca. Suas obras sobre o Islã tornaram-se clássicas. Foi presidente da Real Sociedade Asiática.

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