O conceito de ação comunicativa, que é o núcleo da compreensão da política defendida por Habermas, pode ser usado para propor o argumento de que as interações humanas dentro das organizações também podem ser vistas em termos de uma "política comunicativa". Evidentemente, no caso das chamadas empresas de mercado, os critérios de razoabilidade e justificação, inerentes ao poder comunicativo, terão de levar em conta a exigência realista de sobrevivência, mas poderão transformar tal exigência em algo aberto à compreensão e discussão dos participantes da organização, em oposição à tendência à opacidade e à reprodução irrefletida de padrões e processos fechados sobre si mesmos, "sistêmicos".

    Antonio Saturnino Braga é doutor em Filosofia e professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em anos anteriores, conduziu a disciplina de Filosofia no Departamento de Administração da mesma Universidade, quando teve oportunidade de desenvolver muitas das idéias contidas neste livro. É autor de Kant, Rawls e o utilitarismo: justiça e bem na filosofia política contemporânea, também publicado pela Contraponto.

    Roberto Saturnino Braga é escritor, com formação em engenharia e economia na UFRJ, tendo exercido atividade política, como vereador, deputado, senador e prefeito do Rio, desde a década de 1960, tendo desenvolvido, em vários textos publicados, ideias sobre o aperfeiçoamento do sistema democrático segundo linhas de maior participação direta das saciedades nas decisões políticas, contidas na perspectiva do poder comunicativo de Habermas. É autor de Ética e política, também publicado pela Contraponto.