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Superar a pobreza
Xi Jinping
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Pronunciamento no lançamento do livro Superar a pobreza, de Xi Jinping 12 de novembro de 2024 César Benjamin 1. Quero agradecer ao Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China o honroso convite para pronunciar algumas palavras neste encontro de lançamento da edição em lÃngua portuguesa do livro do presidente Xi Jinping sobre a superação da pobreza. Começarei me referindo rapidamente ao autor do livro em seu contexto histórico. No século XX, a China foi submetida a grandes desafios, que chegaram a ameaçar sua independência e sua integridade. Três lÃderes marcaram especialmente esse perÃodo: Sun Yat-sen, o arquiteto da revolução republicana de 1911, Mao Zedong, o fundador da República Popular em 1949, e Deng Xiaoping, o condutor da reforma e abertura a partir de 1978. O renascimento da civilização chinesa exigiu a adoção de uma estratégia revolucionária. O êxito alcançado, sob a liderança do Partido Comunista, permitiu que nas últimas décadas o paÃs tenha passado da luta pela sobrevivência à luta pelo desenvolvimento econômico e o bem-estar do povo, e depois a uma crescente projeção mundial. 2. No século XXI, Xi Jinping é o continuador desta trajetória, conduzindo a China a uma posição de liderança global, já na condição de uma sociedade socialista forte e modernizada. Sua vida se confunde com as lutas do seu povo e a trajetória vitoriosa do seu paÃs. Filho de Xi Zhongxun, veterano general da Longa Marcha, nasceu em 1953, quando a República Popular ainda engatinhava. Ao longo da vida, trabalhou em algumas das regiões mais pobres do paÃs, tendo morado com os camponeses da provÃncia de Shaanxi durante sete anos, entre 16 e 23 anos de idade. Em 1979 formou-se em engenharia quÃmica pela Universidade de Tsinghua. De Shaanxi a Beijing, de Hebei a Fujian, de Zhejiang a Shangai, das regiões pobres ao centro polÃtico e cultural do paÃs, Xi Jinping acumulou longa experiência no Partido, no Governo e no Exército em nÃveis de aldeia, distrito, municÃpio, provÃncia e governo central. Em novembro de 2012 tornou-se secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh) e presidente da República, cargos que exerce até hoje. Esta trajetória mostra uma importante diferença entre os sistemas polÃticos da China e do Ocidente: os lÃderes chineses não são figuras improvisadas, que chegam aos seus cargos de forma súbita, por meio de golpes de sorte ou de esperteza, ou financiados pelos mais ricos. Todos são funcionários de Estado, longamente testados e aprovados no exercÃcio de múltiplas funções, em diferentes nÃveis. Enquanto isso, no Ocidente cresce o número de altos cargos estatais ocupados por apresentadores de programas de televisão, ativistas de redes sociais, comediantes, jogadores de futebol, atores e simples milionários. A fama imediata, à s vezes casual, e o dinheiro -- e não a competência e o patriotismo -- definem a carreira de grande parte dos nossos polÃticos. 3. A China é uma experiência única na história da humanidade, com mais de 5.000 anos de construção contÃnua de uma civilização. O povo chinês é o mais antigo, o mais numeroso e o mais civilizado do mundo. Sua ascensão tem enormes impactos positivos. Mostra que os paÃses que formaram a periferia pobre do mundo moderno não estão condenados eternamente a essa condição. Mostra como é falsa a ideia de superioridade racial de alguns povos ocidentais. Mostra que não há um modelo universal de governança e de democracia a ser copiado. Mostra o peso de uma robusta vontade nacional, capaz de sustentar projetos estratégicos de longo prazo. Mostra a importância da estabilidade polÃtica e social combinada com flexibilidade na definição de objetivos e meios. O presidente Xi Jinping compreendeu que eliminar a pobreza era parte essencial no processo de revitalização da Nação. Outros desafios continuam a se impor, como, por exemplo, melhorar a qualidade do desenvolvimento econômico, completar a unificação nacional e ocupar firmemente a vanguarda mundial na produção de ciência e tecnologia. A isso se soma o fato de que a presença da cultura chinesa continua muito aquém da influência do paÃs na economia mundial. 4. Esses processos, em curso, criam disputas e tensões internacionais, cujos perigos conhecemos bem. Na primeira metade do século XX, assistimos a uma competição selvagem entre as grandes potências, com duas guerras mundiais devastadoras. Na segunda metade, os arsenais nucleares impediram uma nova grande guerra, mas se estabeleceu um jogo de soma zero entre dois blocos: um lado ganhava quando o outro perdia. A competição que a China propõe difere das anteriores, pois nela os concorrentes podem prosperar juntos e em paz. A China está tentando mudar a natureza do sistema-mundo e de sua liderança. De forma inovadora, experimenta uma ascensão limpa e civilizada: não ataca, não ameaça, não usa a força contra os mais fracos, não tenta exportar seu próprio modelo de sociedade. Não se posiciona como inimiga ou antagonista de qualquer outro paÃs ou grupo de paÃses. Não quer ser um novo hegemon. Isso se ajusta perfeitamente ao caráter do povo chinês. Há mais de 2.500 anos, Sun Tzu já sabia que vencer batalhas é uma habilidade menor. A excelência suprema é quebrar a resistência do inimigo sem lutar. Em vez de derrotar os rivais com o uso da força, a China busca não ter rivais. 5. Falo como um brasileiro que olha com grande preocupação o seu paÃs e o mundo. Vivemos tempos paradoxais, em que o rápido avanço da técnica convive com profundos retrocessos nas relações humanas. Na maioria das sociedades contemporâneas, inclusive em paÃses considerados desenvolvidos, a cidadania recua e as pessoas não vivem mais a expectativa de um futuro melhor, compartilhado, em construção. No lugar de leis gerais, prevalece a fragmentação. Valem as regras que grupos ou subgrupos estabelecem para si em cada momento. A justiça social deixou de ser um valor relevante. É um retrocesso grave. O espaço da liberdade humana não é aquele em que cada um faz o que quer, ou faz o que é capaz de fazer, em competição selvagem com os demais. É aquele em que o potencial criador de homens e mulheres se exerce de maneiras culturalmente delimitadas, socialmente legÃtimas, em que o certo e o errado, o bem e o mal estão definidos com suficiente clareza. A nossa incapacidade de construir, em paz, uma vida em comum ameaça a nossa existência. Seres vocacionados para a liberdade são livres para se destruir. O mundo ocidental valoriza apenas mercadorias, que são coisas, quando a verdadeira finalidade das atividades humanas consiste na construção de melhores relações sociais, melhores formas de convivência entre as pessoas. 6. A proposta chinesa de construir uma sociedade harmoniosa e moderadamente próspera representa uma inflexão civilizatória de grande alcance. Tanto nas relações internas de cada sociedade quanto no sistema internacional, a era do conflito tem que dar lugar à era da cooperação. Este é o fundamento de uma polÃtica séria de direitos humanos no mundo contemporâneo. Com o avanço e a disseminação da técnica, as soluções bélicas tornam-se cada vez mais inviáveis. É nessa direção que a China se move, eliminando a pobreza em seu território, espalhando projetos de desenvolvimento pelo mundo e desempenhando um papel moderador na polÃtica internacional. A defesa da paz, o direito ao desenvolvimento e a proteção ao ambiente são marcas da ação do Estado chinês, que por isso tem cada vez maior número de amigos. Há uma transição em curso no sistema-mundo. Os poderes em declÃnio se movem com espalhafato. Multiplicam sanções. Fazem ameaças. Semeiam guerras. A China, poder em ascensão, se move discretamente, mas de forma eficaz. Lembro Confúcio: "As forças menores fluem por toda parte, como correntes de rios, enquanto as grandes forças de criação movem-se em silêncio, mas constantemente." A governança do mundo será cada vez mais compartilhada. A ordem unipolar já ficou para trás, mas a multipolaridade ainda não foi plenamente reconhecida, aceita e organizada. Fiquem certos de que cada vez mais pessoas olham para a China cheias de esperança no futuro. Muito obrigado. |
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Pensamento chinês, O Marcel Granet | |
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Governança da China, A - Volume 1 e 2 Xi Jinping | |
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Enciclopédia da Cultura Chinesa Xu Baofeng e Yan Qiaorong (org.) | |
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