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Alexandre o Grande
Johann Gustav Droysen
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"Outrora vós éreis miseráveis e erráveis através das montanhas com vossos rebanhos, sem teto, expostos aos ataques de trácios, tribalos e ilÃrios. Meu pai vos domiciliou em aldeias e cidades. Substituiu vossas peles de animais pelo uniforme dos guerreiros. Ele vos tornou senhores dos bárbaros da vizinhança. Abriu para a vossa indústria as minas do Pangaion e permitiu que vossos navios singrassem os mares. Pôs a vossos pés a Tessália, Tebas, Atenas e o Peloponeso. Exigiu, e obteve, a hegemonia suprema sobre todos os helenos para marchar contra os persas. Tudo isso fez Filipe. Grandes coisas por si mesmas; mas nada, quando comparadas ao que foi realizado depois." Discurso de Alexandre à s tropas macedônias na Babilônia * * * Alexandre teve uma vida curta e prodigiosa. Filho de rei, discÃpulo de Aristóteles, ainda muito jovem concebeu o projeto de uma monarquia universal que unisse os povos do Ocidente e do Oriente até o limite da Ãndia, então considerada a fronteira do mundo. Tornou-se rei com vinte anos de idade e se entregou a esse sonho.   Completou a obra do pai, Filipe, que começara a transformar uma região periférica em uma potência militar. Consolidou a liderança da Macedônia sobre o mundo grego. Desafiou e venceu o invencÃvel Dario, rei dos persas. Realizou campanhas prodigiosas, tomou fortalezas inexpugnáveis, sitiou cidades poderosas, sempre em inferioridade numérica. Fez marchas impossÃveis, atravessou montanhas, desertos e rios, alterou o rumo de batalhas que estavam perdidas e nunca foi derrotado. Foi generoso e cruel.   Conquistou as terras que hoje formam a Grécia, a Turquia, a SÃria, o LÃbano, o Egito, o Afeganistão e a Ãndia, além da Pérsia. Miscigenou populações, religiões e culturas. Incorporou os vencidos ao exército e à corte. Fundou cidades. Abriu novas rotas terrestres e marÃtimas. Estimulou as trocas comerciais. Modernizou a administração. Financiou pesquisas cientÃficas.   Morreu em 323 a.C., antes de completar 33 anos, quando se preparava para anexar toda a orla do Mediterrâneo. Sua morte e o posterior desmembramento do império abriram caminho para ascensão de Roma. O mundo já era, definitivamente, outro: a cultura grega havia se difundido e, ao mesmo tempo, recebera a influência dos povos asiáticos. Começava o perÃodo helenÃstico, com a dissolução de identidades locais e o surgimento da ideia de uma humanidade homogênea, unificada pela cultura.   Alexandre não teve um Homero que cantasse seus feitos. Foi esse o desafio a que se entregou o historiador alemão Johann Gustav Droysen. Formado em filologia clássica, fluente em grego e latim, apaixonado por história antiga, excepcionalmente culto, ele usou todas as fontes disponÃveis – Plutarco, Quinto Cúrcio, TucÃdides, Xenofonte – para recompor a trajetória do rei. Fez uma obra-prima. Helmuth Berve escreveu: "A graça e a facilidade da exposição de Droysen fazem esquecer o incrÃvel labor cientÃfico que precedeu a redação definitiva da obra. O estabelecimento e a combinação dos detalhes de ordem histórica, geográfica ou filológica, as pesquisas sobre a estratégia e os meios com os quais foram executadas as grandes operações militares, os estudos de cronologia e todos os trabalhos preliminares desse tipo se dissolvem e desaparecem na arquitetura do conjunto." |
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