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Sobre o erro

Victor Brochard
220 páginas
ISBN: 9788578660055
Tradução de Regina Schopke e Mauro Baladi
R$ 58,00  R$ 34,80

Victor Brochard (1848-1907) alcançou notoriedade no mundo acadêmico com esta tese de doutoramento, "Sobre o erro", apresentada em 1879, que logo se tornou um pequeno clássico. Nos anos seguintes, realizou brilhante carreira: recebeu o prêmio Victor Cousin, obteve o primeiro lugar em concurso da Academia de Ciências Morais e Políticas e foi nomeado, sucessivamente, conferencista da Escola Normal Superior, catedrático de história da filosofia antiga na Sorbonne e membro do Institut de France. Tornou-se um dos mais prestigiosos professores de filosofia da França.


    Aqui, não lhe interessam erros, ditos assim, no plural. Deseja compreender o que é o erro em si mesmo: é confundir uma coisa que se sabe com uma que não se sabe, é afirmar aquilo que não é, é embaralhar duas representações, é tratar uma sensação como uma ideia? Como o erro ocorre, tão frequentemente, em inteligências voltadas para conhecer a verdade? Por que aparece sob tantas formas diversas? Como consegue dissimular-se entre verdades, misturando-se com elas? Como se combinam inteligibilidade, paixão e vontade? Depois de repassar elegantemente as teses de Platão, Descartes e Spinoza, com muitas referências a Leibniz, Brochard apresenta uma doutrina própria, influenciada por Kant, que examina o erro a partir de três abordagens: lógica, psicológica e metafísica.


    Errar é um privilégio do homem. Ele é o único ser que se engana, justamente porque é o único capaz de atingir a verdade. Pode fazer filosofia e ciência porque é livre, e, nesse sentido, está acima dos animais. Mas, por ser livre, erra mais seriamente que eles. O princípio metafísico do erro é a liberdade.


    O pensamento humano não percebe diretamente aquilo que é. Quando triunfa, é por tentativas, muitas das quais vãs, pois o pensamento falso não difere essencialmente do verdadeiro: ambos são formados de acordo com as mesmas leis. Por isso, o espírito não se dirige espontaneamente para a verdade. Tem de buscá-la com esforço. "Cada uma das verdades que são o orgulho da nossa ciência começou como um erro, ou, pelo menos, como um paradoxo."


    Brochard crê que a verdade pode ser encontrada e a certeza é legítima, mas ressalta o valor da prudência. Quem pensa não pode evitar o erro, mas pode corrigi-lo. Seja qual for a força da nossa crença, muitos outros também buscaram a verdade antes de nós e tiveram igual certeza, com igual boa-fé, o que não impediu que errassem. A nossa própria trajetória é cheia de desvios, retornos e obstáculos. O triunfo da verdade é uma obra contingente da liberdade, e só a liberdade cura os males que ela mesma pode causar. Em vez de nos espantarmos ao ouvir opiniões diferentes das nossas, em vez de as condenarmos de antemão, é preciso acolhê-las sem cólera, discuti-las sem ódios, admitindo o direito ao erro.


                        César Benjamin


    "O erro não se opõe à verdade como o esquecimento à lembrança ou a ignorância ao conhecimento. O esquecimento nada mais é do que a ausência da lembrança, mas o erro não é só a ausência da verdade, não é só privação ou negação. Talvez contenha algo de positivo. Se for assim, existe um problema do erro que é distinto do da certeza. Uma teoria da certeza não pode estar completa sem uma teoria do erro."


                        Victor Brochard

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